sábado, 30 de maio de 2009

Desfile terrestre

e segue
o desfile
um despiste
do mestre
para com
o préludio
terrestre

e marcha
vê se acha
a falha
dessa muralha
e traça
uma trapaça
sem máscara

e mede
a paisagem
encontra
na métrica
uma nova réplica
moldada
no começo
da alvorada

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Tempo do azar

em tempo
emirjo
do elaborado
para
reduzir
a um vaso
raso
quase
um asno
é o tempo
de atender
o entedimento
do momento
em que o
complexo
é trivial
mas o simples
não tem nexo
casuísmo
do banal
até que morra
pouco
a pouco
o intelecto
que afasta
que reduz
que transforma
o curso
em surto
um susto
desisto
da forma
pois há
em algum
lugar
um termo
ermo
seja no
mar
que caiba
em mim
que vibra
conduz
mal diz
o azar

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Equilibrista

um dia de folga
é muito tempo
pra quem perde uma prova
e agora acorda
pro tempo que passou

como um equilibrista
no meio da corda
em cima da pista
e agora, resista
a toda sorte de ventos

na linha de chegada
ingrata caminhada
que não mostra
a recompensa
é assim que se pensa

só que nunca acorda
e nunca há corda
suficiente
pra quem tenta
ludibriar a máquina do tempo

enquanto esmorece a corda
e se apavora
com o intangível
dessa roda

enquanto nas ruas
pouco a pouco
os filhos das mães
carentes de simbiose
sucubem à tuberculose

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O cruzador dos pampas

mapeando medos
refutando verdades
em busca de paz
na qualidade certa
e de que a raíz nasce reta

e de lendas
no tempo enveredei
novas frentes
lugares diferentes

no crivo das balas
no fogo certeiro
busco o abrigo
na fúria amada

mas sou canário
cruzador dos pampas
vago da saudade
com alguma vaidade

domingo, 17 de maio de 2009

Incertezas

abdico do definitivo
não é por causa
da armadura
talvez a ternura
da tortura

o real é parcial
leitura do individual
regida por diferentes prismas
dissoantes premissas

por quê?
por que o real pertence ao mundo
pouco meu, pouco teu
mera interpretação
nunca acessado em sua essência
ficamos apenas com a complacência
achar a verdade do coletivo
é mera inocência

estamos certo e tolos
pela dormência dos sentidos
sou descrente e cético
mas estou envolvido
ainda que reprimido

restos de certeza
imersos num caldeirão
vago da inter opinião
que não é verdade
tampouco tese de sanidade

não acredito nas sentenças
prefiro a leveza
e o combate às doenças
por quê proibir as incertezas?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sinto

se ao menos
eu soubesse
saber o que sinto
pois se há instinto
é fato que sinto
só há o verbo
o silogismo correto

mas todos dizem
que não importa a descrição
mais vale a intuição
mas se não verbalizo
como os outros saberão
o que eu sinto?

eu sei que sinto
mas não sinto que sei
quem é o rei?
o que controla a riqueza
ou o que é elemento da natureza?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Esconderijo

apagado
na madrugada vazia
em triste melancolia

paremos com a sutileza brutal
com o vício abismal
e a tortura desassistida

pois a casca é dura
mas o véu é curto
e eu me escondo no lugar comum
mas óbvio
e tu?
onde te esconde?

A palavra

me dói a palavra
o som áspero
o tom grave
o descompasso

em cada pausa
o momento que antecede
angústia do segundo
que ainda não foi

a palavra me cabe
e na soma das palavras
pedaço da verdade
expressão de uma divindade

nas divagações
a busca da forma perfeita
em oposição ao conteúdo
no calobouço do discurso
aflição é feita

um golpe evasivo
vindo de lugar algum
derruba no ringue
lá vem vertigem
é aberta a contagem...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Lemas e lama

que doce sina
que belo monte
invande o espaço
recaí o traço

repleto de lemas
assim sao meus poemas
mas aonde está a lama?
sim, essa que não é a certa
mas me chama

e num momento fugaz
sei que sou capaz
mas tudo vem a tona
a lama
o drama
e os lemas
minhas algemas

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Batalhas imaginárias

pequeno anjo iluminado
a manhã cinzenta se aproxima
teus olhos tímidos
reluzindo no salão

estas armas são pra quê?
constrói batalhas imaginárias
no mundo pacato
aparato do sarcasmo

mas este mundo não tem pecado
e isso não é um recado
pior seria o marasmo
no espectro vasto

e o mundo outrora repleto
de sonhos e fantasias
ainda não é o crepúsculo
é apenas um dia recluso

nas trevas dos olhares
me revelo o pior dos ignorates
quase um tratante
mas nunca retirante

terça-feira, 5 de maio de 2009

Tanto faz, tanto fez

para dizer que tanto faz
percorri caminhos
recusei desígnios
barganhei comigo
armei um circo

li nas entrelinhas
entre ilhas
vagando em vigílias
histórias sombrias
de minha vida

é, tanto faz...

e hoje aprimorei sentidos
para dizer que tanto fez
ter se escondido
e bebido
sofregadamente
em taças de cristais
embebidas
em vinho tinto
de nostalgia

é, eu digo
tanto fez...


toda potência
que ser ato
roteiro de teatro
assim como o movimento
deseja ser retrato