sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Atos secretos

ai, se me pertimisses
interromper tuas tagarelices
e assim, de mansinho
meus desatinos
não seriam mais bagaceirices
te levaria para os atos secretos
nos desenhos elaborados
da minha imaginação
produzidas em meus sonhos
ao ver um olhar tão doce
e um sorriso tão espontâneo
que se move nesse corpo
de ninfeta inconstante
meu prazer é constatar
perceber e imaginar
que o teu juízo
organize meu malabarismo
e que o vago vacilante
se entregue num rompante
ao abismo dos frutos proibidos
arte da malícia em tua alma
de aluna dos despertares
das manhãs mais radiantes

Como bocas de marfim

é o nosso sequestro
da subjetividade
não somos loucos
não existe engano
na ética da alteridade

são os restos do teu festim
assim espalhados
como bocas de marfim
travestidos de fantamas desejados
e o corpo macio calejado
quero a dose do teu gim

enfim, estamos sós
já é não tarde para celebrar
a pureza de nossas almas
consubstanciadas pelas estrelas
variadas dessa madrugada

que se deliciam com a vagueza
e a sutileza
de um submundo urbano
que reflete alguma beleza
que nem nós temos certeza

apenas a sobriedade da vaidade
que revela a baixeza
contos de realeza
imersos no caldeirão das incertezas
não julgue a minha fraqueza
apenas siga o rumo
com o que lhe cabe de leveza

domingo, 23 de agosto de 2009

gato maltês e o caminho dos idiotas

nessa aurora sagrada
me perdi alheio
aos vícios pequenos
e banais
do pequeno burguês
que achava que era
gato maltês

no entanto
não referendei
o rumo limitado
o conto sagrado
a cultura rasa
o caminho dos idiotas

há um círculo vazio
um martírio óbvio
reneguemos
esse som alheio
essa pérola suja
de tosca trajetória

sábado, 22 de agosto de 2009

A lua fria de Poseidon

Imerso na apatia
desmobilizada
fazendo sangria
da alma do desalmado

eis a minha estrada
conturbada, de poseidon
é meu perder
para conservar

o sacrifício da minha sede
de uma estrutura potente
que me faz renegar
o lado B do prazer estrelar

numa cena cômica e trágica
a lua fria se contorce
cinicamente
sorrindo para a via láctea

Dolce vida

doce vida
ávida por melodia
és tu que permito
invada meu lar

esse tom
abala a casa
perco a fala
ao te ver fazendo
caBAla

com um leve jeito
constante e maroto
teu brilho aumenta
sintonizo a frequência

e dentro de um instante
resgato o momento
quebro o medo
volto ao sereno

no movimento
no enquadramento
permanentemente inquieto
de olhos bem fechados

vagarosamente meiga
é essa presença
que flutua no ar
transforma minha expressão
em arte tua
onda do teu mar

O uno do átomo

me faço rogado
te trago atrasado
uma sinfonia
de gatos magros

te sinto inquieta
tragando a fumaça
do sumo da madrugada
calada como o espelho
do menino embusteiro

em tons graves
me guie inteiro
como o grupo coeso
das negras aves

te sinto infinita
como o som inexiste
no desenho da clave

recrie meu mito
me ponha no prumo
me leve para dentro
do sonhos puros
não os abstratos

derrube os prédios
me ponha no cerne
incerto
da hecatombe

me aproprio dos termos
para te fazer uma canção
o tolo sem ouro
o mouro sem salvação

um estrito sentido
lúdico
quase fáctico
esqueço por um segundo
o uno do átomo

sábado, 15 de agosto de 2009

Primatismo

Infindável rumo
que dispara
a todo instante
da vida
quero o sumo
mais robusto
que parece tão distante

aos poucos
se apequena o abismo
aparada pela
brutalidade
do conhecido primatismo

ofegante
busco o centro
vacilante
esquivo
mas apanho

estranho
não me engano
já vi mazelas
a cada ano que vai
árvore que resiste
e a fruta cai

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

sábado, 1 de agosto de 2009

Águas represadas

São águas represadas
de mágoas passadas
em pranto sofrido
de notas baixas

fases marcadas
por aspas
e choques
de impressões
lúcidas, mas mudas
mudarás...

de tempos lúdicos
e que marca tudo
não rara ausência
de displicência
do que pode
nos rodeia
e me atorde

há silêncio
em tudo que vejo
me movimento
com cadência
pra achar nova arte
na valência
de outro mote