quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Flores de jacarandá

dessas estruturas cabais, que até já duvido se são letais, sim, ainda sou animal, ainda que racional.
e desvio a rota da nau canária, pois os marujos imundos já estão castigados pela praga
que também molesta os poetas embriagados nas elucabrações de seus processos mais amargos
assim distraído, perdido em meus próprios parágrafos, longos e densos, lembrando os de Saramago,
marcados a ferro e fogo a blindagem na matriz do vago
e assim, são nas flores de jacarandá que se espalham nas ruas, onde conquisto o meu espaço e vou aos céus com tapetes roxos, expelindo fuligem que ainda persiste, desafiando o rastro, a poeira pra trás, vencendo o tempo como um príncipe
que ergue a espada pra cortar o aço, misturando emoções longíquas descabidas no peito
com a essência da cidade; apenas por um segundo, como a mágica de um breve traço,
o tom melancólico que atravessa a garganta concede ao brilho uma vocação de astro
e surgem cabelos de prata, dedo-duro da idade,
me põe como ser cambaleante, fazendo malabarismos com os livros
que caem da estante, e jogo fora as canetas que só desenham prisões,
em uma metamorfose maluca que eleva a rotação, traz de volta o menino fujão
pra dentro de uma nova direção, com os rasgos do coração maduro
que mais parecem a ilha de um náufrago em desuso, buscando o afago de mãos secretas e macias
que confortam e apaziguam como dose de morfina nessa sina assina, cheiro de saudade em campos de batalha artificiais, nos corpos duros dos soldados.

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