sexta-feira, 24 de abril de 2009

Preciso falar

Preciso me achar
Mas não quero falar
Não quero esconder
Mas prefiro guardar

pequena manhã de outono
estoura em meu peito
O que eu não sei
Nada pressinto
Eu insisto

me prende
entende e
acende
porque o ontem nunca será

nada evapora no ar

ontem... eu resolvi mudar
viver o hoje
ganhar a cidade
tocar a viola
e bebericar

se o denso é meu medo
eu me fecho em mim mesmo
dou meia volta
e só sei que é intenso

sou refém do desejo
e do cheiro
da cor amarela
da vista secreta
do remexo do teu cabelo

que consome
corrompe
e abala
todo o vestígio moral

de onde vem toda leveza letal?

mas eu preciso falar
preciso vergar
o peso do ar
que resiste, insiste , que é triste
e me faz calar
mas eu preciso falar.

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